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BIM na Infraestrutura

Uma vez um amigo meu me contou uma história de que na empresa que ele trabalhava um cliente pediu para que se fizesse um projeto da rodovia X em BIM e este cliente havia questionado aquela empresa, que por sinal era uma empresa de grande porte, se eles conseguiam fazer isso. O gestor prontamente falou que sim e que iria dispor de toda equipe de trabalho que possuía e montar uma força tarefa para cumprir os objetivos. Então ele chama toda equipe técnica para uma reunião e descreve o trabalho que tem que ser feito para aquele cliente muito importante. Mas quando ele fala que o projeto tem que ser entregue em BIM, paira um silêncio entre todos, uma breve reflexão é feita, e no fundo, uma mão levanta e pergunta: chefe, o que é BIM?

Você, provavelmente já deve ter ouvido falar ou se perguntado sobre BIM. Eu fiz uma enquete no meu canal no Telegram, inclusive te convido a participar se não estiver lá, onde eu questionei o que era BIM. As alternativas eram: 

  • um software; 
  • um modelo 3D; 
  • um processo;
  • um marketing.

A grande maioria votou em um processo. Correto. Porém muitas pessoas ainda se confundem, devido a grande estratégia de marketing que se apoderou no mundo todo e a grande demanda por projetos mais bem elaborados. E tudo isso não é culpa das empresas de softwares que fazem o marketing. Elas estão certas, precisam disso e devem promover o desenvolvimento. O fato é que o BIM na construção civil é muito mais definido e prático que na infraestrutura. Na construção civil, temos obras menores, tudo se organiza perfeitamente em um espaço útil e milimetricamente. É como se fosse um quebra cabeça onde as peças se encaixam e formam um desenho. Na infraestrutura tem muitas variáveis. Em um projeto de terraplenagem de uma rodovia, por exemplo, tanto faz se no final deu 100m³ a mais de terra, ou se a estrada deveria estar locada a 10cm para a direita. O solo tem muitas variáveis, a topografia tem muitas variáveis, a geotecnia tem muitas variáveis, a hidrologia tem muitas variáveis. Isso torna tudo mais difícil e influencia diretamente nos conceitos de BIM.

Eu, particularmente, tenho minha definição de BIM na infraestrutura baseada no que temos de tecnologia disponível atualmente. Acho que o fator principal é a produtividade. Eu prefiro de longe usar os data shortcuts do AutoCAD Civil 3D como processo colaborativo juntamente com a interdisciplinaridade, aliado a um bom template que dá capacidade aos engenheiros projetistas, técnicos, desenhistas, agrimensores a caminhar de acordo com as suas necessidades. Para uma modelagem tridimensional, esses dados podem ser aproveitados no Autodesk Infraworks, um software que tem muito potencial, ainda em desenvolvimento, mas que dá pra usar recursos fantásticos que dão uma visão do projeto como um todo de forma que até um leigo consegue entender. E tudo isso, em um curto espaço de tempo. Assim, as perguntas feitas na enquete no Telegram poderiam estar todas certas, pois utilizamos de software, de modelo 3D, do processo e do marketing para elaborarmos projetos BIM.

E foi vendo o que acontecia no mercado, diante de empresas que ainda faziam projetos manuais no AutoCAD, que desenhavam um perfil longitudinal na mão, que sofriam e ficavam com muita raiva ao ter um projeto alterado e tinham que refazer tudo desde o início, que não se preocupavam com coordenadas UTM, entre outras coisas que eu criei o Método Productivus, uma metodologia que ensina do absoluto zero como ser produtivo em projetos de engenharia usando as ferramentas que temos disponível hoje, sem complicação, sem modismos e com a absoluta certeza de que se está fazendo a coisa certa. Isso para mim vale muito mais a pena e se aproxima mais da realidade de um projetista.

O gestor daquela empresa no início do texto ficou absolutamente sem resposta, perante ao que entendia que fosse BIM em infraestrutura, pois podemos perguntar: como entregar isso? Em que software fazer? Como vou me organizar? Mas se ele tivesse olhado para o lado da produtividade, iria conversar com o cliente e explicaria que tudo isso era um processo em que os projetos seriam mais confiáveis, visto que as chances de erros são menores; que, se fosse do gosto do cliente, poderia até elaborar um modelo 3D onde estariam todos os elementos de projetos para um visual fantástico e que todos sairiam ganhando quanto ao resultado final que iria entregar.

E para você? O que é BIM na Infraestrutura? Comente e deixe sua opinião.

Sobre Lecius Prado

Engenheiro Civil, especialista em BIM para Infraestrutura, Tecnólogo em Agrimensura, Tecnólogo em Estradas. Projetista de estradas há mais de 13 anos trabalhando em projetos executivos para DER-SP, ARTESP, DNIT, AGETOP. Dentre grandes projetos, destaca-se o canal de transposição do Rio São Francisco. Certificação Autodesk para AutoCAD 2015 e AutoCAD Civil 3D 2012 a 2017. Sócio-idealizador da Tecnobim, empresa que busca constantemente novas tecnologias voltadas para o desenvolvimento de projetos no ramo da infraestrutura viária.

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Comments (2)

  • Oi Lecius, gostei do seu artigo. Como sempre, com uma visão simples dentro da complexidade. Acho que é próprio de quem domina a tecnologia e a Tecnica.
    A partir de dados e informações se cria um modelo matemático de uma forma edificada ou de Infraestrutura.
    Um modelo inteligente e parametrizado que se recalcula a cada mudança de dados, de inputs.
    E você disse muito bem: precisa decidir quais ferramentas usar, segundo o resultado que se quer chegar. Não existe um só caminho, mas são várias opções de softwares e uma gama de combinação deles.
    Muito bom!

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